quinta-feira, 24 de abril de 2014

Meu Carnaval de Cinzas











Escolhi a fantasia esquecida no armário,
O meu chapéu de coco, meu casaco de brio alinhado,
Meu sapato branco marcado de saudade e sai

Pra preparar o festejo, batucar dos tamboris,
O reco-reco, o mexe-mexe, as gingas e o ritmo
No rimar do além-mar.

Mas sem ela tudo fica sem graça.
Sem ela não a vela a navegar sem mar,
Não há boêmio a amar sem rimar.

E se começam a batucar, lá vou ficar magoado.
E de dia rio e de noite choro pra disfarçar saudade,
Pra esconder o batuque das cinzas que tocam.

Mas sem ela tudo se perde
Sem ela não há mar no além-mar,
Não há carnaval sem batucar.

Cadê você pra dançar meu carnaval?
Pois hoje botei minha fantasia
E não quero desperdiçar alegria.

Cadê você pra dançar meu carnaval?
Pois hoje calei a angustia
E não quero dispensar a fantasia.

(Rod.Arcadia)



A Cidade Que Dorme











Há uma cidade que dorme nos teus devaneios.
Bonita poesia nos postes iluminados de luzes machucadas
Vazia rua órfã, sem dono, sem multidão a desfilar.

Há uma cidade que dorme no brilho dos olhos.
Véu de neblina escondendo viuvez da noite
Solitária madrugada desesperada de loucura.

A cidade dorme nos olhos verdes dela.
A cidade é o fantasma abandonado
Que ronda a vigília da alma.

Há uma cidade que desperta sem sorrir...
Triste poesia contada no medo do homem sem teto.
De longe, a canção abraça os passos da gente.

(Rod.Arcadia)



sexta-feira, 28 de março de 2014

Se Eu Te Olhar













Se eu te olhar nesses olhos teus,
Por favor, não peça pra ir embora,
Não peça pra te deixar sem razão.

Se eu pegar na tua mão, acompanhe,
Pois o medo vira coragem e o desejo, calor
Que sentimos pelo outro.

Fique, esqueça que o mundo anda,
Esqueça a dor que ele possui e fique ao meu lado,
Pois as estrelas, são tristes e solitárias

A procura de alguém, de um poema.
Fique, pois tem morada no meu coração
E eu, eu tenho você inteira pra mim.

(Rod.Arcadia)

Mergulhei Em Teu Mar









Eu mergulhei no teu mar
Sem saber por onde explorar
Cada vestígio se quebra
Em pedaços de cetim

Mar de mim sufoca.
Ondas em mim se perdem.
E a sede que morre a boca,
Das dores que me ardem.

Eu mergulhei no teu mar
Serena brisa a enfeitiçar
Como um ritual a celebrar
Saudade a naufragar.

Mar de mim navega.
Ondas em mim se tocam
E teu olhar cega,
Aqueles que amam.

(Rod.Arcadia)





quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Machado e o Rouxinol




O Machado e o Rouxinol




E o rouxinol passarinho que voou
Na armadilha do machado pequenino
Vai sentir vida indo embora.

Ó, ave, avezinha bonita,
Machado canta doce agonia
Reluz lamina no limiar

Dos olhinhos da criaturinha
E frágil coração bate de medo,
Escuta uma prece de oração.

O machado e o rouxinol
Musica triste entoada,
Nem o machado sustenta.

Ai, ele tem dó, ele tem pena.
Voa, voa rouxinol, agora o machado
Chora, voa alegre ao encontro da sua amada.

(Rod.Arcadia)


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